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Pedro Abelardo -- O Questionador

"Ao duvidar chegamos ao questionamento, e ao questionar nós percebemos a verdade"

O texto sobre a história do filosofia de hoje segue adiante na cronologia dos grandes cérebros da história da humanidade. Pessoas que nos levaram até o ponto intelectual onde nos encontramos hoje. Como eu havia comentado no texto sobre Anselmo, foi no período Medieval que assuntos filosóficos se desenvolveram de forma monumental e Pedro Abelardo teve uma contribuição importante para esse desenvolvimento.

Nascido em 1079, na França, Abelardo era extremamente inteligente. Daquele tipo de criança que você tinha raiva na 4a série por levantar a mão para dar todas as respostas e muitas vezes saber mais que o professor. Mas esse era 10X mais chato. Muito chato. Tão chato que ele fazia as aulas na universidade de Paris só para terminar a aula e dar aulas do mesmo assunto só para mostrar que ele conseguia lecioná-la melhor. Ele se achava, e muitos concordavam com ele, o único filósofo invencível do mundo em debates. Mas, o carma encontrou Abelardo:

Ele se apaixonou pela mulher errada.

Heloísa, o nome de sua amada namorada, tinha um tio muito ciumento que, ao saber que ele a engravidou de forma vergonhosa (fora do casamento) tomou a justiça em suas próprias mãos (literalmente). Nas palavras de Abelardo "cortando fora aquelas partes do meu corpo com que eu havia causado sua tristeza."

Não preciso entrar em mais detalhes, né?

Depois disso, Abelardo tomou o rumo mais conveniente para um homem em sua posição: se tornou um monge no monastério de São Denis. Foi lá, sem sua amada Heloísa, que ele escreveu suas colaborações para a teologia e filosofia.

Abelardo é conhecido por ser o pioneiro em utilizar a dialética de Aristóteles para clarificar propostas teológicas, abrindo o caminho para aquilo que Tomás de Aquino se tornaria famoso por fazer. Em outras palavras, Abelardo foi o primeiro a formalmente fazer "filosofia cristã" como é conhecida hoje, usando a lógica formal. Em seu livro mais famoso "Sim e Não", ele levanta 150 questões teológicas que ele via que os pais da Igreja tinham debatido mas tinham chegado a respostas contraditórias. Ele não queria levantar dúvidas em seus alunos no monastério, mas achava que ao desafiar a mente deles ele estava exercitando seu intelecto. É nesse contexto que ele escreve a frase que coloquei no início desse post. Esse método não fez muito sucesso entre os teólogos mais tradicionais que achavam que a melhor vida era a monástica: uma vida de submissão e quietude.

Abelardo tem muitas ideias interessantes (inclusive uma que parece-me bastante convincente sobre a necessidade dos comandos morais), mas aquela pela qual ele é mais conhecido é sua resolução para a controvérsia dos universais. O problema dos universais surgiu entre os filósofos gregos que acreditavam que existem entidades independentes da mente que explicam as coisas particulares que são parecidas. Por exemplo, uma maçã e o sangue são ambos vermelhos e portanto dividem um universal ("vermelhidão") que está presente nos dois e é real. Pedro Abelardo negou a existência real dos universais e defendeu que a única coisa universal é o nome (por isso nominalismo). O argumento é complexo (e gigante) e vale a pena dar uma olhada por você mesmo. Apesar de parecer um debate insano, se estendeu por décadas.

Isso é um pouco da história e influência desse grande homem cheio de si. Apesar de todas as lições filosóficas que ele deixou para o mundo, a maior que Abelardo deixa para mim é sua insistência (e falta de culpa) em questionar suas crenças e analisá-las para torná-las ainda mais fortes.

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